Thursday, October 27, 2005

Patchouli


O meu amigo belga fala sem cessar à mesa do pequeno-almoço. Não quer leite, não quer café, quer sumo de laranja. A muito custo, convenço-o a comer dois pãezinhos (daqueles insufláveis no forno) com mel. Foi ao concerto dos Deus e adorou. Falamos de teatro e das promessas que vemos um no outro. Ele diz que eu evoluí muito desde o primeiro bloco no DasArts, eu digo que ele é genial. Ele acha que eu estou no bom caminho, eu acho que ele há-de ir longe. Ao fim de um bocado, a conversa morre. Acho que é a isto que se chama "masturbação intelectual"... Cansa.
Fala-me da dificuldade em se apaixonar. As raparigas de trinta anos já não acreditam no amor, e quando ele ouve isto, gela-se-lhe o sangue. As raparigas de vinte anos vivem nas nuvens, e querem relações tipo filme francês. Ele tem trinta e três anos e quer tudo isso. Rapaz, não sei se te diga... Isso são coisas que eu não percebo. Acho que sou um ser mais "básico". Não sei como explicar... Nunca tive difuculdade em me apaixonar, e aos trinta anos acredito tanto no amor que me casei.

Tive vontade de lhe contar do meu exercício preferido quando era miúda. Chamava-se "apaixona-te". Era muito fácil. Agarrava na capa do single "Patchouli" dos Grupo de Baile e olhava atentamente para um dos elementos da banda. Depois pensava "apaixona-te!" e certo como o destino, apaixonava-me. Passado um bocado, olhava para outro elemento e fazia o mesmo. Era facílimo.
Tive vontade de lhe contar isto, mas depois achei que ele se ia ofender. O seu ideal de paixão é de certeza superior a estes exercícios. Além disso, não sei dizer "Patchouli" em inglês...

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