Olá Hezbollah

Na minha cabeca, ainda lá estou. Faz-me falta a chamada para a oração.
Como é que é suposto saber as horas agora?
Como é que é possível estarmos aqui tão sossegados? Tão ignorantes?
No Ikea esta tarde montanhas de holandeses e respectiva prole guinchante compravam colheres de plástico, sofás e regadores. Tanta gente loura é estonteante. Desejei subitamente os miúdos de Hama, que conseguem o milagre de correr e brincar toda a noite sem serem ouvidos. Desejei as noras torturadas em gemidos sexys. As senhoras de véu.
Aqui há tanta cabeca branca, tanto kispo, tanta almondega sueca... Cobras de peluche e edredons.
Do alto salta mais um adolescente para o rio Orontes. Os amigos gritam. As raparigas nem pestanejam. Fumo mais uma passa de tabaco de maçã.
Não sei o que quero... Silêncio? Barulho? Calor? Frio?
Não estou bem onde não estou.
E quanto mais viajo, mais me desfaço.
1 Comments:
Adorei este post. Não por qualquer mensagem política, crítica social, saudosismo sátiro-melancólico ou qualquer outro aforo geralmente injectado nos posts habituais (não os teus particularmente). Gostei especialmente deste porque senti o constrangimento, a pequenez, a impotência e uma série de outras sensações em poucas fracções de segundo, que, ainda que não traduzam as da autora, certamente me imprimiram a imagem de uma realidade muito aquém do que estou habituado, a relação entre duas existências e a sobreposição de valores e características mais básicas da existência humana nos dois cenários. A genialidade está na simplicidade e na sinceridade, um coração aberto escreve por linhas próprias e sem pena!!
Cumprimentos Marta
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